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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Desculpe o Transtorno, Preciso Falar do Meu Ex



Conheci o ex na loucura do carnaval desse ano. Eu era a garota fantasiada de Katy Perry com cílios, maquiagem e cabelo azul andando de um lado pro outro, dançando, rodopiando, cantando que se a bendita canoa virasse ainda assim eu chegava lá. Carnaval é isso: Diversão, alto astral, trenzinho, paquera, inúmeros brindes, copos de cerveja e filas dos banheiros imensas.  Na espera pela minha vez olha lá o moço bonito atrás de mim. Ousei dizer sem o conhecer o quanto seus olhos verdes eram lindos. Ele só riu - Não sei se da peruca, do elogio ou porque me achou louca. Tempos depois descobri que ele me achou maluca mesmo (risos!). Começamos a conversar sobre gostos musicais esquisitos e para nossa alegria ele compartilhava a mesma fascinação por Legião Urbana. Papo vai, papo vem e beijei o moço, pedi desculpas depois, mas ele meio que gostou então foram vários beijos no meio daquele gente toda. 

- Não vamos estragar tudo trocando telefones - Eu disse.
- Como eu acho você?
- A gente se esbarra por aí.

Ele me achou. No dia seguinte apareceu lá em casa. Foi estranho ele me ver sem peruca. Me senti a própria Vivian (Julia Roberts) em Uma Linda Mulher. Convite aceito. Vivemos uma tarde perfeita. Daquelas que você descobre infinitas afinidades em diálogos imprevisíveis. Não existia pessoa mais desapegada que eu. Tudo era passatempo e diversão. Três meses depois continuávamos nos encontrando. Ligações intermináveis pela madrugada. Insistência para que eu fosse vê-lo por 10 ou 20 minutos quando meu corpo todo era cansaço do trabalho. Era sempre "não é nada sério", "não há nada demais entre a gente". Até ele amanhecer na minha casa e eu anoitecer na dele. Incontáveis vezes. Foram intensas idas, vindas, discussões e pazes feitas. Perdi a conta de quantas vezes o vi me esperando pra conversar. Tivemos várias brigas por telefone. Várias tentativas de acertos. Aí chegou a fase das mudanças repentinas: os sumiços, o "tô sem tempo", "a gente se fala amanhã', ou "a gente se vê quando der". As desculpas se tornaram insuficientes e insustentáveis. Enquanto me dava conta de que queria mais ele desfilava com outra ali e outra lá. Toda semana uma nova versão das descrições de alguém vista com ele que a propósito não era eu. Decidi dá um tempo e viajar.

Era o quarto mês. Duas semanas sem vê-lo. Ele ressurgiu dos desaparecidos contanto histórias sobre seus arrependimentos e sua enorme saudade. Disse que estava pronto. Exposto. Trouxe nas mãos propostas de recomeço. Mais uma vez. Dessa vez seria apenas ele, eu e todo o futuro que me oferecia. Impus condições ao esclarecer sobre meus dias de chuva nos olhos. Ele insistiu em segunda chance e dei créditos a ele por sua coragem sendo ele tão orgulhoso. Cinco horas de conversas sobre minhas desconfianças, enfim ficamos bem. Esqueci o passado e os erros. Nos comprometemos a ouvir, a cuidar, a estar presente, a ajudar no que fosse preciso. "Eu não sei se gosto ou se realmente amo você" - Ele disse depois de preparar um jantar romântico com direito ao meu prato favorito que somente ele sabe a receita. Voltamos. Firmes e fortes, Em duas semanas fomos o casal perfeito de comerciais onde o homem leva café da manhã na cama, te abraça no meio da noite, apaga a luz, mas antes de dormir pergunta como foi o dia. Onde a mulher te coloca no colo pra ouvir seus problemas, te faz sorrir ao ensinar aqueles passos de dança, canta pra te acalmar quando tudo em volta parece desmoronar. Aqueles casais que passam o domingo na cama e conversam sobre seus exs e acham graças das coisas bobas que fizeram por pensar que era amor o que sentiam. Ingênua. Tínhamos tudo pra dar errado. E demos. Quem tem no destino ser canalha não muda facilmente.

Ele me deixou. Brigamos quando os problemas resolveram me inundar de uma só vez. Brigamos no único dia que eu mais precisei do seu apoio. Brigamos pelo que considerei tolice, besteira, criancice, imaturidade. Brigamos quando no meio da briga eu implorava que ele não fizesse isso comigo. Não de novo. Mas ele foi cruel. Tanto nas atitudes quanto nas palavras. Depois desse dia só nos falamos quando apareci pra buscar minhas lembranças na casa dele. Tentei trazer ele de volta através das possibilidades que inventei. Ele já tinha partido de mim há muito tempo com a ajuda daquela amiga que nunca gostou de nós juntos. Foi o meu inferno. Não vou me repetir sobre a escuridão dos dias seguintes e de como aprendi a silenciar em toda e qualquer situação. Ele me condenou a insegurança, a insensibilidade, a indiferença e a uma enorme vontade de jamais me deixar perder a razão novamente. 

Mas querido ex, me desculpa.
Esse texto é pra dizer que não deu. Achei que fosse doer pra sempre. Não doeu. A dor? Essa tem prazo de validade. E venceu. Achei que sofreria por mil luas, mas as noites viraram confidentes. Pensei que não haveria recomeço. E houve. Não sei dizer o momento que você desapareceu, o que sei foi que te revi e o frio não estava mais aqui. Foi mal ex, me interessei por outro, na verdade outros. Eles foram incríveis. Tão incríveis que me mostraram o quão babaca você foi em perder uma mulher singular, rara, especial, diferente, divertida, riquíssima em valores e inteligência (risos!). Dia desses falei sobre você. Assunto normal. Conversávamos sobre nossos exs e as coisas bobas que fazemos por pensar que é amor. Eu ri. No fundo você sempre soube, não é? Aquele apelido carinhoso de "cabeça virada"era a prova de que você sabia melhor que ninguém da minha inconstância em sentir tanto e depois não sentir nada.

Um comentário:

  1. O dia da volta por cima sempre chega para as pessoas de personalidade forte, cuja essência é ser feliz!

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