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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Último Grão



Redigi. Apaguei. Redigi. E duvidei que ainda soubesse colocar alguma coisa em linhas. Novembro de 2021 foi o último texto e a última relação que iniciou um bloqueio de anos e enterrou minha criatividade de escrita - e a escrita já havia me salvado inúmeras vezes. No entanto, não daquela vez. Talvez porque naquele tempo eu não sabia mais o que dizer e silenciei por quase sempre. Até agora. E se você me contasse o que vou descrever agora provavelmente eu omitiria o pensamento de "não pode ser verdade". Mas é. Porque vários anos depois, era ele. O reencontro que eu duvidava muito que o destino se preocupasse em deixar acontecer e isso soa engraçado quando penso que o destino não deixou que acontecesse muito no passado. Nos perdemos no tempo - literalmente. E vê-lo cruzando um espaço enquanto simplesmente eu permanecia muda me fez crer que se o "o mundo dá voltas" o ponto antigo inicial era bem ali: Em um abraço.

Em 05 segundos o abraço me trouxe paz por recordações que não lembrava que ainda estavam comigo - depois que arrumei as malas e deixei o que quer que existisse lá, não parei pra voltar. Não parei pra lembrar. Mas naquele abraço ele nunca deixou de ser a melhor lembrança do meu maior desencontro e de algo sentido, não definido que nunca aconteceu - e gosto particularmente que tenha sido assim. Sempre houve nele algo especial, calma, serenidade, não sei dizer, mas que me fazia um bem apenas em ouvi-lo. Em abraçá-lo. E anos depois nos 05 segundos em que permaneci ali foi o que senti e na verdade a saudade pra qual eu não retornei durante anos estava em todas as linhas que escrevi quando segui em frente. E ao retornar aos textos percebi que por ele a saudade sempre foi a mais bonita. E a mais simples por não ter sido paixão - pois pra ser precisaria de intensidade; Não ter sido amor - pois pra ser não havia o suficiente. Nós atraímos o que fomos - e somos. E nós sempre fomos assim. 

E foi você.
Embora eu tenha mudado. Foi a sua pergunta "você parou de escrever?" que segurou minha mão até aqui. Quando eu respondi que sim. Me disse que eu havia de superar o que quer que tinha me feito parar.  E foi você que me trouxe de volta através da vontade de escrever sobre a sensação de reencontrar você em um lugar que pra nós dois não seria nada improvável. Você me salvou de uma invernia uma vez. Anos depois está me salvando outra vez, dessa vez me devolvendo algo que nem eu sabia o quanto sentia falta: Escrever. Então, obrigada. Por reaparecer. O tempo, o divertido tempo vai mudar nossa direção e mais uma vez não sei até quando, se houve algum questionamento do porquê em um instante, no cenário em que 1 segundo faria diferença eu te encontrei, não questiono mais. Em forma de gratidão, pra você - sobre você.