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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Como Eu Era Antes de Você


Foram três semanas. Longas e arrastadas semanas. Três semanas fora de órbita. Me recusei a falar sobre isso. Ignorei os pedidos de explicar o que tinha acontecido. Tem situações que exigem um certo conforto para poderem ser expressada verbalmente. Nesse caso especifico a falta de conforto nasceu da vergonha mesmo. Tinha aqueles olhares de "coitada, ele a deixou". De novo. Talvez eu merecesse por ter ido contra a todos e dado uma segunda chance. Talvez por acreditar que valeria a pena. Eu realmente acreditei na minha capacidade de tentar e nas promessas dele em me fazer feliz. 

Me esforcei em cada dia. Pacientemente aceitei superar os obstáculos e dificuldades pra fazer dar certo. Perdi as contas dos dias em que esqueci meus problemas pra cuidar dos dele. Perdi as contas de quantas vezes precisei do seu colo, mas generosamente doava o meu pra ajudá-lo a enfrentar seus próprios demônios. Nossa mágica durou duas semanas perfeitas. Então, ele cometeu os antigos erros. Montou um circo de horrores e foi embora. Sem diálogos. Sem ouvir. O irônico? Sem dá uma chance, nem que fosse em troca da chance que eu dei. O engraçado? Ainda assim achava que precisava dele. Acho que esse é o tipo de amor abusivo onde você sabe que foi mais infeliz do que feliz, mas consciente ou insanamente espera que alguma coisa boa aconteça. Você espera. E espera. Em três semanas eu escondi por trás de um sorriso perfeito que eu estava bem. Em três semanas eu chorei em baixo do chuveiro. Sentada no canto do quarto chorei fitando o nada. Chorei em posição fetal, encolhida na cama. Três semana pra entender que a cara inchada no dia seguinte não era por você. Sozinha eu já estava antes do adeus. Minha tristeza era além. Era meu orgulho ferido por ter deixado você fazer o que fez e me dizer as coisas que disse. 

Durante três semanas eu silenciei o mundo lá fora e aqui dentro.  Eu fiz tudo direito. Mas admito, não me esforcei em nada. Todas as noites eu sufocava por uma onda diferente. As vezes de saudade, As vezes de arrependimento. As vezes era só dor. Me deixei afogar. Eu sentia o ar faltando, mas não nadei. Resolvi ficar imersa e invisível. Um dia acordei e listei o nosso começo, meio e o fim.  90% das minhas recordações eram difíceis e infelizes, não é a toa que adoeci psicologicamente, 10% não cobriu mais a vontade de querer você. Foi pouco. É pouco. Três semanas foi o tempo que você teve pra vir. Enquanto eu estivesse enlouquecida eu aceitaria. Mas hoje não mais. Hoje eu juntei tudo o que eu nunca havia sentido, juntei a dor que você me causou e decidi recomeçar. Clichê, não é? Mas é um clichê que faz todo sentido. O fato de reconhecer que você me deixou quando fiz tudo que eu pude me causa a sensação de inocência e liberdade. Liberdade que me fez voltar a sorrir sem disfarces, Liberdade pra falar e escrever novamente. Liberdade pra não sentir mais vergonha. Não há do que me envergonhar. Nem das minhas decisões. Nem dos olhares. Eu fui deixada. Mas isso só é triste pelo ângulo que se quer ver. Daqui enxergo que continuar com você só me faria ser mais infeliz. Eu ainda estaria cega e perdendo tempo. Tempo que já não tenho pra você.  Pra esse tempo tenho outros planos: Cuidar de mim vivendo e me permitindo ser quem eu sou e como eu era antes de você. 





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