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Manaus, Amazonas, Brazil
É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Você Teria Ficado?



Você sempre teve um olho bom para as coisas que brilhavam, mas eu estava longe de ser tão preciosa assim. Você é um daqueles raros caras que escolhem as palavras certas, que tem o abraço que protege de tudo, o sorriso que soluciona os problemas mais difíceis.  E foi em busca desse sorriso que eu arrumava as malas com objetivo de falar o que mesmo sentido nunca foi dito. Todas as vezes que segurei seu rosto em minhas mãos foram com a intenção de não mais soltar, mas no fim de incontáveis viagens, o medo de perder, a insegurança de falhar, a covardia em dizer limitavam minhas atitudes. 

Sempre fui a garota que desiste fácil quando o assunto envolve sentimentos e disso você melhor que ninguém sabe, quantas vezes você já me incentivou a lutar? E o que você me aconselharia quando a luta é por você? Que faz parte da minha vida a mais tempo que posso contar mesmo sendo entre indas e vindas, finais e recomeços. Nossa história poderia ser contada pelo filme Um Dia onde os anos dos personagens principais se perderam em idades e eles só conseguiam se disfarçar em cada reencontro.

A distância pra nós se tornou nosso refúgio onde tudo aquilo que queríamos confessar podia ser escrito, mas nunca dito frente a frente. Tínhamos a coragem necessária apenas na saudade. Coragem que faltou quando a saudade deixou de existir do jeito certo. E apenas pra vê-lo sorrir eu desejei felicidade eterna omitindo minha própria infelicidade. Amar é isso então? 

Você e seus olhos singulares para as coisas que brilhavam, e foi por esses olhos que arrumei a mala por uma vez mais, enfim para conhecê-la. Quando eu aceitei que oportunidade de você ser meu passou eu finalmente consegui dizer o que ainda sinto e senti cada vez que te revia. Entre a pergunta que não mais me calou: Se eu dissesse que te amava, você teria ficado? 


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Vá Com Deus - Só Mais Uma Curta Carta

Texto escrito por Iandê Albuquerque


O que me arrebenta é você que não disse se iria voltar pro jantar. Tive que ficar aqui com uma esperança insuportável de te atender batendo em minha porta. Saí por aí procurando os melhores cheiros e os melhores gostos do dia pra pôr na mesa e te servir. Você disse que não gostava mais do meu cheiro e que, eu já estou sem tempero. Você saiu sem dizer se ainda me quer, se ainda me ama. Sussurrou um tchau de cabeça baixa e seguiu levando boa parte de mim embora. Me cortou só de me virar as costas, fechou o meu tempo só em trancar a porta, me tirou tudo só em ir embora. Eu tenho coragem de ainda jogar minha conversa toda fora, de cuspir tudo de mim e pôr em cima da mesa pra você catar o que te mais agrada. E se nada te agrada eu me esvazio e me encho de você. Eu sei que o abandono é isso. É a pior maneira, é a maneira mais baixa, mais fraca, mais roca de dizer que não ama mais o outro. Não é difícil entender, mas dói entender isso.

Você me deixou na mão, não se importou com meu sofrimento, não me ligou, não me atendeu. Você se entortou todo pra me apagar do seu quadro, mas não disse nada. Me deixou sentado te pedindo pra me ajudar resolver os meus problemas e minhas tarefas de casa. Te implorando pra não me deixar sozinho com cálculos que eu não saberia resolver, com equações que não saberia lidar, com a opção de marca X em alternativas corretas sem saber quais seriam as corretas, esqueci tudo. E você não chegou pra bater no ombro do meu desespero, não acalmou minha dor. E quando alguém não acalma a tua dor é dolorosamente uma forma de dizer tudo. De explicar sem falar nada que não te quer mais, que não tá mais afim, que está de saco cheio de você. Deixamos os desentendimentos entre vírgulas e vírgulas tantas vezes e nunca demos um ponto final em nós. Me costurei com tuas desculpas e usei nossas conversas boas como rémedio para aliviar certas dores. Me bordei em você. Te usei como bobina de oxigênio. Mas era você o motivo do ar que me faltava. E você me deixou aqui, sentindo exatamente isso, sem ao menos ter te ouvido dizer.

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Iânde Albuquerque é Recifense, 23 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes de romance, mas ama cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Dramático, intenso e extremamente intuitivo. Confira mais textos do autor em seu blog pessoal iandealbuquerque.com.br