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Manaus, Amazonas, Brazil
É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Uma Outra Estação

É complicado percorrer esse caminho há três anos,  aceitando o fim e acreditando em recomeços. Lutar insistentemente não pela realização do sonho, porque isso era demais, mas pra não perder o fio de esperança que permitia me manter conectada de alguma forma a você. Nesse tempo  fui, voltei, chorei em algumas noites e rezei incansavelmente por seu sucesso, mesmo não suportando a carreira que decidiu seguir. Eu rezei.

Em meio as suas oscilações de humor permaneci calada mantendo a educação estampada no rosto. Na minha raiva briguei com o mundo e o reduzi a mim, enviei mensagens sem respostas, enquanto cervejas e mulheres eram suas distrações. Quando o tempo passava, os reencontros por estações  e seu sorriso torto  me enlouqueciam e ferravam com todas minhas decisões e certezas absolutas. No final das contas nunca desisti de você, só aprendi a esperar seu pouco, eu sabia como ninguém transformá-lo em muito, nesse caso, em muita felicidade, suprimento esse que durava em quase toda sua ausência já no dia seguinte.

Posso dizer que sumir era nossa especialidade, você porque queria e eu por não saber o que fazer, respeitar seu sumiço parecia o melhor, não sufocar, não pressionar, escolhas que me pareciam corretas, mas vai por mim, essas escolhas eram sacrifícios de dor, exigiam uma força de vontade inexistente pra quem ama. Assim como suportar estarmos coincidentemente no mesmo lugar, só que separados e com você expondo toda sua conquista pelo seu vicio.

Dos inúmeros copos que bebi o último sempre colocava a coragem nos meus pés para ir embora e orgulho pra dizer não a você. Nas ocasiões certas o último copo de coragem também me permitia ir com você rumo a noites de cumplicidade no que de melhor sabíamos fazer quando estávamos juntos: Nos amar.

Nessa brincadeira, três anos que parecem mais três meses passaram, nunca fui embora, assim como não lembro de ter dito o que eu sentia. De verdade. De repente  parei pra pensar que nunca falei sobre meus sentimentos, não claramente, com pingos nos “is”. Esse meu jeito de viver o aqui e agora pode não ter sido a melhor maneira de avisar que o que eu queria mesmo era segurar sua mão e sair em direção a qualquer lugar. Deixei passar a oportunidade de você me dizer não – por medo de perder tudo.

Nesse último reencontro não pretendia mais nada. Não havia desistido, mas o cansaço por não conseguir seguir em frente já me bastava como suficiente motivo. Derrotada mais uma vez. Surpresa pela primeira vez quando você segurou minha mão, me beijou e permaneceu abraçado comigo na frente de conhecidos e desconhecidos. Não há definição para a sensação de finalmente estar onde sempre quis e onde não me permitia imaginar: Em seus braços.

A deixa certa, o momento perfeito pra falar, pra revelar, te mostrar a loucura que é amar você. Contudo, as razões, Deus sabe as minhas razões,  nada mais pude fazer, se você for esperto pra relembrar tudo naquela noite vai perceber que ir embora foi a decisão mais difícil que tive que tomar depois que conheci você. Eu sinto muito, sinto tanto, quando soltei sua mão não estava apenas me despedindo pra um novo reencontro, estava abrindo mão de você.

Vai demorar uns anos, como tudo em minha vida...
Só de pensar que seu sonho precisa ser desfeito pra começar a realização do meu,  percebo a impossibilidade de nós dois juntos. Meu desejo apenas é que  seis anos a mais na nossa história possam parecer a espera por seis meses.  Até lá não tenho mais escolhas, nem opções, tudo o que me resta é aceitar o fim e acreditar em um recomeço futuro, espero eu, não tão longe.

Com amor.
D.