É complicado percorrer esse caminho há três
anos, aceitando o fim e acreditando em
recomeços. Lutar insistentemente não pela realização do sonho, porque isso era
demais, mas pra não perder o fio de esperança que permitia me manter conectada
de alguma forma a você. Nesse tempo fui,
voltei, chorei em algumas noites e rezei incansavelmente por seu sucesso, mesmo
não suportando a carreira que decidiu seguir. Eu rezei.
Em meio as suas oscilações de humor permaneci
calada mantendo a educação estampada no rosto. Na minha raiva briguei com o
mundo e o reduzi a mim, enviei mensagens sem respostas, enquanto cervejas e
mulheres eram suas distrações. Quando o tempo passava, os reencontros por estações e seu sorriso torto me enlouqueciam e ferravam com todas minhas
decisões e certezas absolutas. No final das contas nunca desisti de você, só
aprendi a esperar seu pouco, eu sabia como ninguém transformá-lo em muito, nesse
caso, em muita felicidade, suprimento esse que durava em quase toda sua ausência
já no dia seguinte.
Posso dizer que sumir era nossa especialidade,
você porque queria e eu por não saber o que fazer, respeitar seu sumiço parecia
o melhor, não sufocar, não pressionar, escolhas que me pareciam corretas, mas
vai por mim, essas escolhas eram sacrifícios de dor, exigiam uma força de
vontade inexistente pra quem ama. Assim como suportar estarmos coincidentemente
no mesmo lugar, só que separados e com você expondo toda sua conquista pelo seu
vicio.
Dos inúmeros copos que bebi o último sempre
colocava a coragem nos meus pés para ir embora e orgulho pra dizer não a você.
Nas ocasiões certas o último copo de coragem também me permitia ir com você rumo a noites de cumplicidade no que de melhor sabíamos fazer quando estávamos
juntos: Nos amar.
Nessa brincadeira, três anos que parecem mais três
meses passaram, nunca fui embora, assim como não lembro de ter dito o que eu
sentia. De verdade. De repente parei pra
pensar que nunca falei sobre meus sentimentos, não claramente, com pingos nos “is”.
Esse meu jeito de viver o aqui e agora pode não ter sido a melhor maneira de
avisar que o que eu queria mesmo era segurar sua mão e sair em direção a qualquer
lugar. Deixei passar a oportunidade de
você me dizer não – por medo de perder tudo.
Nesse último reencontro não pretendia mais nada. Não havia desistido, mas o cansaço por não conseguir seguir em frente já me
bastava como suficiente motivo. Derrotada mais uma vez. Surpresa pela primeira
vez quando você segurou minha mão, me beijou e permaneceu abraçado comigo na
frente de conhecidos e desconhecidos. Não há definição para a sensação de
finalmente estar onde sempre quis e onde não me permitia imaginar: Em seus
braços.
A deixa certa, o momento perfeito pra falar, pra
revelar, te mostrar a loucura que é amar você. Contudo, as razões, Deus sabe as
minhas razões, nada mais pude fazer, se
você for esperto pra relembrar tudo naquela noite vai perceber que ir embora
foi a decisão mais difícil que tive que tomar depois que conheci você. Eu sinto
muito, sinto tanto, quando soltei sua mão não estava apenas me despedindo pra
um novo reencontro, estava abrindo mão de você.
Vai demorar uns anos, como tudo em minha vida...
Só de pensar que seu
sonho precisa ser desfeito pra começar a realização do meu, percebo a impossibilidade
de nós dois juntos. Meu desejo apenas é que seis anos a mais na nossa história possam parecer a espera por seis meses. Até lá não tenho mais escolhas, nem opções, tudo o que me resta é aceitar o fim e acreditar em um recomeço futuro, espero eu, não tão longe.
Com amor.
D.