Saudade é sentimento? Sinto saudade. Nada mais. Apenas saudade.
Você observa, tenta ver as coisas de fora. Pensa e repensa. Pensa principalmente sobre como foi que chegamos até aqui? Nessa maldito silêncio perturbador e irritante. Orgulho que não se acaba, que não se destrói, que apenas nos destrói por dentro e por fora. Então por conseqüência de dias arrastados e silenciosos vem o costume da ausência, da perda dos diálogos engraçados. Até que finalmente nos reste o cruzar nos corredores como dois desconhecidos. Sem passado pra ser lembrado.
E a pergunta ressoa em alto. Mais uma vez: Como foi que chegamos até aqui? Pergunta sem resposta. Não há alguém interessado que deseje responder. E se há, parece estar tão fora de alcance, vivendo em um outro mundo distante do que vivemos. Essa abstinência insiste em não passar. Os reencontros precedidos de ansiedades já não são o suficiente pra retomar qualquer sentimento. De tudo ficou a ausência. Sempre a ausência. E claro, esses desencontros premeditados.
Tragédia chata, sem aplausos e sem mais vontade de encenar uma peça já ensaiada tantas vezes pelo mesmo ator. As falas já são batidas, não existe mais qualquer emoção a não ser para o seu próprio público de garotas figurantes cujo os rostos nunca são lembrados na manhã seguinte. Entende porque a última decisão é sempre se afastar? Sair de cena? Cada gesto idiota, impensado e absurdo contribuiu pra que todos os sentimentos morressem aos pouquinhos... Um por Um... E no final de todo esse espetáculo sobra apenas o teatro em silêncio e essa saudade.