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Manaus, Amazonas, Brazil
É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

The Moment I Knew


20 segundos. Não cronometrei, mas a chave virou em algum lugar. Eu poderia ter ficado assustada com tamanha revelação sobre mim mesma, mas eu só sentei em um cantinho e sorri. Era exatamente a sensação de algo que há praticamente dois anos eu não sentia. Um nervosismo bonitinho e irritante. Já estive ali naquele lugar inúmeras vezes pra ouvi-lo, mas não me pergunte o que aconteceu entre o espaço do tempo. Não se explica sentimento - Quaisquer que sejam eles. E jurei pra eles - os sentimentos - que nunca nada seria dito. Há magia em vê-lo de longe e saber que aos meus olhos ele parece ser um cara legal, daqueles que se hoje eu fosse jogar uma moeda em um poço ou assoprasse uma vela por aí seria ele o meu desejo. Mas em minha defesa não tenho um poço pra jogar moedas e não tive velas em bolo pra assoprá-las. No entanto, teria sido uma surpresa incrível se fosse assim tão simples realizar desejos. Mas não é.

Eu não sou. A garota que luta, você sabe. Não sou a garota que ouve as amigas dizerem "você deveria ir lá" - risos! Meus pés nunca se movem. Ser a única expectadora da minha expectativa é algo com o que já estou familiarizada. Mas e se eu dissesse? Ali. Enquanto me encontro naqueles abraços aleatórios que eu sempre fecho os olhos. E se eu dissesse o quanto eu gostaria de permanecer ali por mais tempo. Guardo meus pensamentos e sorrio mais uma vez. O medo sempre está perto me fazendo relembrar o quanto sentimentos indefinidos podem evoluir se a eles dermos atenção demais. Eu já experimentei o desejo e fui consumida por ele há dois anos. De lá até aqui não restou muito. Não se faz alguém feliz quando não se tem nada pra doar de si.

Há ideias e percepções de cada um sobre o que é o amor. Seria construir uma vida juntos? Acho que não. Há muitas pessoas que vivem juntos sem amor. Ou pelo menos perdem o sentido desse sentimento depois de um tempo e acabam o resto da vida infelizes por comodidade e pra evitar a série de problemas que vem com a separação. Há aqueles que também por medo de ficarem sozinhos aceitam pequenas doses de afeto e acreditam que isso é amor o suficiente pra mantê-los juntos. Eu tenho certo medo disso, de olhar pro lado e me contentar com o suficiente. Não quero o suficiente. Eu já vi o amor e senti também. Dizem que quanto mais forte o sentimento maior é a dor que ele nos causa. Porém o fato de sentir dor não anula o que de fato era há dois anos: Amor. Eu não quero me perder uma outra vez. Nunca mais. 

E foi por isso que em 20 segundo quando aquela chave virou, eu sorri. Eu senti. E sei o quanto isso representa uma luz bem quentinha que iluminou um exílio de dois anos me imposto pelo fim mais doloroso que vi passar por mim - isso soa tão brega e ao mesmo tempo é o mais perto da descrição que tenho do que ele se tornou. Embora eu nunca vá pedir que ele fique no abraço aleatório que gentilmente recebo, como poderia deixá-lo ir sem contar que foi ele quem me fez sentir alguma coisa quando eu tinha certeza que nada seria capaz de fazer isso acontecer? Na verdade, vou deixá-lo ir sim sem saber. É reconfortante a sensação de entender que aquele momento em que me encantei será sempre uma lembrança feliz em agradecimento por ele me devolver a esperança de o fim de um período escuro e doloroso demais pra achar que eu fosse superar. Aqui estou olhando pro presente e não mais pro passado.

Por agora eu quero muito manter o sorriso genuíno desse lado enquanto eu sento pra ouvi-lo cantar outra vez aquela música que eu tanto gosto "Never say goodbye". Não escreverei novamente sobre ele. Nesse adeus no presente me pergunto se no fim ele sabia. Que naquele dia eu fiquei encantada em conhecê-lo. Naquele momento eu soube o quanto Living In Sin ficaria perfeito na voz dele. Sorri outra vez. Meu coração havia parado em 2020, em uma segunda-feira. E não havia mais muito pra sentir. Até hoje.

Até ele.