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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Carta Para Dez Anos Atrás



Querido primeiro amor,

Sobre finalmente resumir todos aqueles diários em um único lugar acredito que a inspiração tenha vindo do nosso surpreendente reencontro, reencontro este que de tão desajeitado me calou as falas e apressou meus pés no sentido contrário ao seu. Eu fugi, desapareci, nada que não possa ser perdoado por quem entende essa decisão. Meus erros porém insistem que lhe devo um pedido de desculpas por essa carta chegar em suas mãos depois de longos e mutáveis dez anos. Timidamente peço perdão por não atendê-lo nas inúmeras vezes que veio ao meu portão, aí dentro parece que você sempre soube que foi mais do que um melhor amigo pra mim . No entanto, saber que você precisou de dez anos pra vir decidido atrás de respostas fez com que eu revivesse dores antigas e lhe confesso, reviver estas dores não era a mais desejada de minhas opções. Superar a decepção de chegar atrasada demais com minha declaração nas mãos não foi fácil. Ver você indo embora e construindo a vida que eu também deveria ter construído me fez não querer voltar ao passado quando encarasse a cor dos seus olhos. 

Sim, tive conhecimento do fracasso do seu relacionamento. Sinto muito pelos votos de para sempre não terem dado certo, o fim de um casamento não é exatamente o que se espera quando alguém decide querer isso pra vida. Talvez por isso eu tenha me mantido longe das alianças, cada cara que apareceu nesses anos mesmo sendo especiais não possuíam o toque que faltava: Não eram você. Não eram você com seu sorriso torto e distraído, nem com seu bom humor, não tinham seu jeito de me colocar suspensa no ar em um abraço apertado e nem eram malucos o suficiente pra dançarem I'll Be There For You do Bon Jovi em um show do Rock qualquer. Eles definitivamente não eram você com seus profundos olhos verdes - os primeiros que me apaixonei a primeira vista em 23 de Janeiro de 2006. Sei que estou atrasada. Mas espero que entenda que quando o revi senti insegurança e um medo desesperador de que sentimentos e sensações voltassem e eu tivesse que escolher. Não podia demonstrar meu desequilíbrio pra alguém que estava ao meu lado quando nem eu mesma tinha mais certeza de nada. 

Meses depois minha relação atual quebrou em partes incontáveis. Precisei de tempo  pra me refazer. E refiz. E durante a arrumação da minha vida achei a caixa empoeirada de diários e memórias fragmentadas. Estava tudo lá: Nossas aventuras, nossas idas aos shows de bandas estranhas, nossas tardes em frente a igreja, nossos abraços depois da aula, nossas conversas sobre suas possíveis namoradas. Estava lá escrito a punho o momento em que desconfiei estar me apaixonando e quando tive certeza de amar você. Mas agora parece tão tarde, suas malas estão arrumadas, não é? Quanto tempo? Mais dez anos? Então, pode me dar um segundo pra não cometer o mesmo erro? Olha, você pode ir e eu posso estar completamente atrasada. Tudo de novo. A diferença é a certeza que lhe dou do que senti antes e do que sinto. Se meu silêncio e negação foram os pilares de nossa distância, desse arrependimento não morro mais. Você vai e acabamos aqui. Ou você fica e escrevemos a parte da história em que ficamos juntos não apenas em uma dança, mas pra sempre. O nosso sempre. 


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