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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O Amor é Igual Tequila

"Para cada escolha, erro que cometi, não era meu plano
Ver você nos braços de outro homem"

(Sirene - Pearl Jam)



"O número para o qual você ligou está seguindo em frente,  por favor tente novamente mais tarde"

Acordei com a luz do sol atravessando a janela, a cabeça girava sentindo ressaca do dia anterior e devo acrescentar:  Não era apenas a ressaca física, sentia também a psicológica, moral e todos os tipos de ressaca que existem. O reflexo no espelho acusava minha cara pintada de rímel até a bochecha. Na língua os sabores eram uma mistura de cerveja, whisky, caipirinha e tequila. Tentei lembrar a noite passada ao mesmo tempo em que me perguntava se queria lembrar ou só esquecer?

Sorri distraída e culpada por ser tão inconstante, impulsiva e temperamental. Sorri ironicamente ao recordar sua habilidade de estragar tudo com sua traição confessa me deixando sem ar enquanto o silêncio dos teus passos em direção à porta abandonava pra trás o típico clichê “a gente se vê” . Você permitiu que eu sentisse cada golpe. Então sentei, fechei os olhos e esperei a dor que por certo viria, mas antes que eu me consumisse em desespero calcei as botas pretas e fui destilar o sangue. O álcool é sempre a melhor opção por ser um eficiente anestésico geral. 

Cheguei cedo demais no bar de sempre, enquanto eu derramava lágrimas disfarçáveis intimei o garçom de olhos atentos a me servir a noite inteira. Depois da primeira dose meu coração já estava indolor, quis então saber como me sentiria se chegasse ao limite. Não demorou muito pro carinha na minha frente perguntar se podia pagar a próxima bebida. Naquela altura erguemos a tequila, senti nesse momento como se a vida estivesse sendo injetada em minhas veias. No palco a banda daqueles meus amigos loucos tocava Kings of Leon, perguntei pro carinha se conhecia a música, antes que ele respondesse sumimos na multidão. As mãos dele em minha cintura e a letra me fazendo pensar em você por uns breves segundo. Minha mente expulsou a sensação da traição e a imagem de você beijando alguém que não fosse eu. Com as mãos pra cima cantei alto o refrão e beijei com vontade o moço do meu lado. Abri os olhos sorrindo e então vi você olhando pra minha inteira falta de explicação. E quer saber? Adorei deixá-lo com a curiosidade de me ver saindo do  bar de mãos dadas com alguém que não você depois de incontáveis anos. Me diz meu bem, como é a sensação? 

Acordei com a luz do sol atravessando a janela. No meu celular 36 chamadas não atendidas. Exclui seu número da agenda, da minha vida e do futuro. Alguém despertava ao meu lado sorrindo ao me encontrar. Perguntou interessado se eu não gostaria de um café e de ficar por pelo menos uma noite e três semanas? - Era o suficiente pra mim.

O amor é igual tequila. O primeiro contato, a atração, é ardente, queima, o sal e limão deixa um gostinho de quero mais. Você sempre quer mais. Quando acaba você não aceita por achar que ainda é cedo pro fim e se você consome em quantia exagerada e sem limites no outro dia só existe a ressaca de algo que você não vai querer consumir por um longo tempo. Até experimentar novamente.


Texto baseado em fatos reais. Inspirado pelo som da Banda Kings of Leon
Especialmente escrito por Dheysse Lima