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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O Amor Não Machuca



Em estado de choque é como você fica quando reconhece o momento em que a vida se divide em antes e depois. Algumas pessoas tem a sorte quando esse momento se torna uma recordação feliz. Mas por aqui essa sorte não passou. E ainda que seja apenas uma memória, não tenho como apagar as marcas que mesmo desaparecidas dos meus braços insistem em não sumir de vez. Embora a dor física tenha me deixado inerte por quase um mês nada se compara as consequências da dor psicológica causada pelas decisões erradas e pelas mãos que juravam amor. O amor não machuca a gente. Não deixa hematomas por todos os lados pra serem encobertos com maquiagem e roupas estranhas. Quem usaria calça jeans em pleno domingo? 

Perdi as contas das desculpas que inventei. Perdi a conta dos dias das diversões que disfarcei. Sempre sorrindo, sempre de bom humor quando minha mente estava o caos e ele? Ele não se cansava de voltar. Enquanto eu? Eu só me cansava cada vez mais das noites em que fingia beber o que nunca desceu pela garganta. Eu nunca estive tão sóbria. E admito, nunca me senti tão perdida. Mesmo sendo a melhor amiga do silêncio, esse tem me sufocado e transbordado pelos olhos a ponto de olhar pra mim e não me reconhecer mais. Eu quem sempre fui a companhia alegre e feliz não ando suportando o muro de estresse, desconfiança e agressividade que levantei em volta. E as vezes eu verdadeiramente sinto muito por isso ser tão incontrolável. E necessário. 

Se eu conseguisse explicar o quanto me irrita esse “nada” que respondo cada vez que perguntam o que está acontecendo. Essas perguntas me fazem lembrar o que acordo todos os dias tentando deixar pra trás. Eles não entenderiam, me encheriam de questionamentos, de julgamentos e não preciso disso quando eu mesma já faço isso todo o tempo. Então, acredite, não é falta de confiança nas pessoas próximas. É vergonha. A mesma que sinto quando procuro respostas. A mesma que sinto quando tomo banho e percorro as mãos pelo meu rosto, meu pescoço e quando seguro meus pulsos e noto o sumiço lento das marcas. A única sensação que tenho é a de que nunca mais eu vou deixar alguém me tocar novamente, ainda que o desejo seja forte e as intenções sejam boas. 

Eu sei, não posso evitar as lágrimas ou mesmo as crises de gastrite nervosa pelo qual você me faz passar pela segunda vez e já decidi que não posso contar essa parte escura a ninguém até me sentir incrivelmente segura, no entanto, tenho tempo suficiente, sozinha é difícil, mas posso tentar aprender a amar e odiar o silêncio. Posso ficar quieta, calada e distante até consegui controlar meus impulsos irracionais e ser madura e adulta outra vez. Posso desfazer do cabelo grande quantas vezes forem necessárias pra marcar meu recomeço até saber que finalmente recomecei. Posso perder pessoas as quais eu não queria perder nesse meu processo de confusão e loucura, mas prefiro que seja assim, não dá pra lhe dar com traumas e medos e manter a atenção voltada pra quem sabemos que está ficando no caminho. Isso me deixa excessivamente triste. Mas vai por mim, ser construída de despedidas faz a gente se acostumar a seguir em frente. E eu sempre vou seguir em frente.

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