Continuar. Seguir em frente. Esses últimos dias essas palavras não tem feito o menor sentido, não quando me reservo a prioridade de involuntariamente pensar em você, em nossas lembranças juntos, memórias eternas de uma vida que me parece tão inexistente, distante, inalcançável. Não ajudou muito deixar a cidade, voar pra outro estado se carrego você na bagagem. Posso tentar mudar de continente, mas sei que certamente você estará lá como uma parte de mim indeletável e inesquecível.
Preencho meu tempo com tudo que posso, faço isso há anos, os anos que persisti com a espera inconsciente, mas em todos esses anos existe pelo menos um mês, um único mês em isso que acontece, essa ferida sangra tão dolorível, perturbando minha mente, me tornando inquieta por semanas, eu me sinto machucada, vazia, com um eterno espaço que me parece jamais será preenchido novamente. E esse espaço mesmo que silenciosamente ou em inaudíveis sussurros continua implorando por você.
O homem que impulsionou eletricidade em minhas veias do primeiro ao último toque. Aquele com sorriso sincero cheio de sarcasmo que abandonava a vida presente apenas com meu simples pedido pra ficar por mais um dia. Aquele homem que me fez cruzar o país apenas pra me encontrar por uma noite. Aquele que me exigia saudade em letras maiúsculas em época que e-mails eram os melhores meios pra se estar perto e ser lembrado. Eu sinto falta. E ela amplia de uma forma imensurável quando esse mês bate na porta. Eu deixei de lutar contra a dor, vem de qualquer jeito e como uma insana eu perfuro a mim mesma e busco por tudo que mantenho profundamente escondido: Anotações, músicas esquecidas no fundo do meu consciente, textos em um diário guardado na secreta gaveta, antigas confissões cravadas em frases datadas de anos mais que felizes. Anos completos
Como tivemos coragem pra irmos tão longe pra nos perdermos em segundos. O adeus que nunca chegou. O tchau nem ao menos escrito. As vezes chego a duvidar que a loucura de amar realmente aconteceu comigo, que através de um único homem eu descobri tudo que precisava saber, porque é aqui no futuro do qual tanto conversamos que eu vivo tudo que você me ensinou. É aqui que percebo o quanto sinto saudade das instruções, dos avisos, dos sermões sobre minha inexperiência em levar alguém a sério. Você venceu e eu perdi. Perdi em todos os sentidos. Perdi pra sua conquista insistente e fascinante. Perdi pra suas chantagens criativas. Perdi minha autoridade do não quando as chaves do seu presente chegou em dezembro antecipando o Natal tatuando em mim sua partida e a lembrança de me ver sentada em seu colo ouvindo por sua respiração a confissão do seu amor. Eu perdi você em um buraco negro de um último e-mail datado de 12/2011, nele você diz que está com saudade. Eu respondo que sinto o mesmo. Eu entendi depois de meses sem resposta via e-mail ou qualquer outro meio que aquele foi o fim dos nossos três anos completos.

Sua Princesa.