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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Linhas


A canção que tocou na hora errada me fez lembrar de você. Você antes do fim. Uma lembrança que de alguma forma nasceu da minha tranquilidade de hoje em dia. Aumentar a música, fechar os olhos e me permitir alcançar essas memórias foi surpresa até para mim. Eu poderia renegá-las, expulsá-las, sentir raiva, rancor ou tristeza, mas não dessa vez. Eu aceitei as recordações. Todas elas me fizeram rir e entender o quanto você me fez feliz, tanto que em sussurros confessei estar apaixonada, o que era novidade para alguém tão relutante e fria como eu. Eu sei. Sei das qualidades que você viu aqui por trás do meu orgulho, do meu silêncio habitual e imutável, por trás do cuidado e preocupação e do meu jeito inusitado de comemorar teu aniversário. 

Eu contava 12 horas nos dedos pra te rever. Jantar preparado por suas mãos, conversas compartilhadas sobre nós e nossos planos, luz apagada pra viver você. Você e seus abraços quentes tão aconchegantes, tão protetores, tão perfeitos. Dormir com sua respiração no meu pescoço era enfim nossa hora feliz, lembra? Até as pequenas discussões divertidas sobre nossos exs e os possíveis pretendente se tornavam momentos engraçados. O tempo parava pra gente, não é? Sem mágoas, vontade ou desejo me atrevo a dizer que sim, sinto falta de você, do seu cheiro, sinto falta do fim de semana ao seu lado e até de lavar as louças com você me puxando por trás e beijando meu rosto. Teve vida e sol na nossa bonita relação. Teve chuva pra nos deixar ficar na cama e fugir do trabalho. O lado direito do meu lençol favorito ainda é meio vazio, mas não triste, agora ele lembra apenas de você puxando meus braços em sua volta me fazendo atrasar enquanto o alarme insistia em despertar. 

Os teus olhos ainda são nítidos repousando sobre mim enquanto me despedia com um beijo emocionado por não querer ir cumprir minhas obrigações profissionais. Sinto falta dos elogios que eu sempre recebia com bom humor. Os dias eram mais leves com você me enviando mensagens dizendo que ia continuar dormindo com o meu perfume que cobria minha ausência depois que eu partia. Como é bom poder saber que o céu de acinzentado virou azul celeste. Uma pena é perceber que é necessário um tempo imprevisível pra esquecer, superar a dor do fim e então poder ter essas lembranças com o coração calmo e sereno sem qualquer ressentimento. Esses pensamentos e sentimentos bons os quais envolvem minha vida e minha rotina me levam a acreditar que eu poderia ter encarado melhor sua decisão de terminar mesmo não concordando com seus motivos. 

Eu deveria ter desejado boa sorte e ficado em paz. Não, você não é uma pessoa ruim. Se fosse, eu estaria colocando em dúvida meu julgamento quanto as pessoas e me conheço bem pra afirmar que não me interesso por menos do que mereço. Você me fez incrivelmente feliz, meu sofrimento foi a prova disso. A prova de que nunca quis perder você. No entanto, linhas de conexão se perdem, se quebram, se rompem, danificam, se partem. E nós partimos e agora entendo que não havia mais nada sensato a fazer do que me deixar quando a paixão já não existia em você. Hoje eu consigo de alma limpa agradecer a você por isso. Um obrigada que talvez dure pra sempre. Ou pelo menos até essa música de letra bonita acabar. 


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