“Para quem tem um
amor a ser vivido, o futuro é apenas um detalhe que pode esperar.”
— Padre Fábio de Melo.
19 de Junho de 2014
Escrevo em nome do
velho costume, tão velho quanto o tempo que já se passou entre nós.
Cada momento, horas
simples não menos importantes, consegue lembrar? Deixei de numerar quantas
pessoas pra quem contei sobre nós e o nosso conto de fadas, algumas sorriem
incrédulas pra tanta perfeição, certos dias eu mesma chego a duvidar, afinal
não possuo fotos pra provar que esse sonho foi verdadeiramente real, não ficou
nada, não sobrou nada, o apartamento ficou vazio, foi devolvido, suas malas
levaram até sua liberdade e com o passar dos anos deixei de esperar e-mails em
dias comuns e telefonemas em datas especiais.
Mas quer saber? Não me importo,
minha indiferença sempre foi a característica mais intensa no nosso
relacionamento, embora acredite que talvez por isso tenha dado tão certo. Nunca
me importei com as respostas das minha criativas perguntas, na verdade eu
precisava colocar à prova sua sinceridade, nada mais. Sua confiança,
confidencias e transparência foram decisivas quando para sua vida entreguei o
meu amor e fiz promessas e é por esse motivo que hoje escrevo, pra lembrar que
ainda as cumpro. Todas, uma por uma. Você trabalhou bem para que eu não as
esquecesse, todos os dias quando olho pro seu último presente nossos anos
são recordados as vezes com alegria outras com melancolia e nostalgia, mas
jamais com arrependimentos.
A saudade permanece em noites longas quando o sono desaparece e penso em tudo que vivemos, lembro dos planos e esqueço da sua partida feita da forma como pedi: Sem
despedidas, sem adeus, sem lágrimas, sem abraços, sem nenhum aviso. Assim foi.
Assim você foi. Sem me dizer nada. No entanto, escrevo pra que você saiba que
da janela ainda vejo seu carro estacionado, que da rua do seu apartamento ainda
o vejo me esperando na varanda. Escrevo pra te assegurar que as paixões depois
de você existiram e existem, mas quanto a possibilidade de por um novo amor eu me perder
jamais poderei comparar à sensação única de frio na barriga quando você me beijou pela
primeira vez.
Somente escrevo em nome
da esperança de ter qualquer noticia sua. Nada mais sei de nós, porque na
realidade nem mesmo há nós. Não até nos vermos novamente. Se esse dia por mim tão
esperado chegar, o perigo pra aqueles que agora nos acompanham será
inevitável e eu, eu escrevo agora porque
eu sei que posso esperar, porque sei que eu ainda vou te ver e não será preciso
nada mais que um minuto pra mudar todo nosso destino, pois escrevo pra te dar a certeza que se quem vai pode um dia volta eu nunca
mais vou deixá-lo ir. Não sem mim.