Tem razão. Eu estou. São longos 1743 dias divididos entre diversas mudanças e nem estou falando de estações ou clima. É tão vivido na minha mente cada fase que eu poderia descrevê-las sem esforço algum.
O inferno do primeiro ano em que eu só sobrevivia a cada 24 horas com uma jornada imensa de trabalho pra não pensar sobre o fim não dito. A loucura dos 365 dias seguintes em que cada cor de cabelo minha era pra esconder a pessoa que eu não queria mais ver, eu só não queria ver o espelho refletir quem viveu a felicidade que não estava mais ali. A esperança em um novo ano quando eu senti pela primeira vez o recomeço e a sensação de que estava tudo bem e que explicações não são necessárias quando ações é tudo que eu poderia receber. Quando dezembro de 2023 explodiu em fogos de artifícios eu prometi deixar o amor permanecer ali e me senti pronta pra seguir em frente ainda que há um toque de distância, nossas memórias pudessem ser refeitas pela relação de amizade que construí depois do fim. E eu consegui, porque em 2025 eu me reencontrei e ao redor eu pude reconhecer a felicidade novamente e ela brilhava e brilhava intensamente. A vida. Meu sorriso. A beleza da compreensão e solitude perfeita. Eu conquistei de volta. Sem você. E ao mesmo tempo com você, torcendo por mim sem saber que minha maior conquista foi exatamente superar as lembranças que eu não queria perder.
Há quem diga que foi injusto não dividir a minha dor, no entanto, esse era meu caminho, não o seu. Lutar por mim quase me custou tudo, e teimosamente mesmo sabendo que pra conseguir sobreviver eu precisava abandonar qualquer resquício de ligação, egoistamente eu decidi que iria conseguir assistir a chuva parar de cair com o sentimento genuíno de alegria por qualquer que fosse o motivo da sua felicidade. E você é feliz. Então eu me deito, fecho os olhos e me sinto incrivelmente satisfeita por saber que em sete de julho de dois mil e vinte cinco nós dois somos felizes, que ao invés da chuva, eu aprecio a lua com a certeza de que o amor pode ser escrito de diversas formas, há o final em que o pra sempre resume um futuro juntos e há o final em que mesmo separados, eles permanecem um na vida do outro.
Eu ainda conto o tempo. Por hábito, talvez. Ou pra lembrar a mim mesmo com um sorriso enorme que tudo passa, que o tempo nos amadurece e que depois de longos 1742 dias, no 1743 você ainda é presente e isso é o suficiente pra mim: Eu posso continuar sendo feliz novamente e você não está lá atrás, você está logo ali do lado sendo feliz por mim também.
O cabelo cresceu… e, no reflexo do espelho, a cor parecia inteiramente minha —
como se o tempo, por um instante, tivesse finalmente escolhido ser gentil.
Mal sabe o tempo que eu ainda amo você - isso é imutável.
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