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É preciso ser muito humilde para viver de forma honesta com os seus próprios sentimentos. Por isso escrevo; para abrir meu coração, não para obter respostas. Para me sentir livre ao falar das minhas asperezas e das alegrias que muito transbordam em mim (Fred Elboni).

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Terceiro Toque: - Alô?



Terceiro toque: - Alô? Sou eu. Entre minha dignidade e orgulho me encontro aqui juntando do chão a coragem que não tenho nessa terceira garrafa de 8%, nem preciso admitir que os dedos me traíram e que prevejo uma ressaca moral amanhã. Nesse caso antes que isso comece a importar me permita aproveitar seu silêncio constrangedor do outro lado para fazer algumas confissões sobre o que me atormenta há tempo demais para calar e sofrer. Tempo demais para encher o ouvido de todos os meus amigos com descrições, definições, suposições, perguntas, respostas e soluções. Parece que espalhei a verdade dos meus sentimentos em cada canto, mas fui covarde demais, fraca demais para demonstrar a você. Por isso ouça com atenção porque essa será a única vez que estarei esclarecendo meus erros e falhas, será essa a última vez em que você ouvirá dizer que sinto muito. 

 Sinto muito por somar as inúmeras oportunidades que me deu e não ter tido a atitude que só ensaiava quando você sumia da minha visão. Sinto pela ausência das palavras, até mesmo de um simples obrigada que ficava preso na garganta quando você iluminava minhas manhãs. Sinto muito pelos meus braços que não envolveram seu corpo em todos os abraços que você tentou me dar. Parece que tudo que dei a você nesse período foram meus sorrisos e estes nunca foram bons em expressar verdades. O ar de ironia só escondia e mascarava minha própria insegurança e vulnerabilidade em saber que alguém estava se aproximando rápido demais, ameaçando atravessar a barreira que me protegia de sentir. Por aqui já passou alguém como você e tudo que ele deixou foi um buraco enorme de promessas não cumpridas entre elas um retorno que nunca aconteceu. Tranquei minha capacidade de amar em um espaço no passado. Consegue entender agora o nível de dificuldade que é para mim demonstrar afetos e carinho? Mesmo que suas intenções compreendessem apenas uma noite e eu cedesse ao meu desejo você se tornaria meu inferno particular. Me questionei se eu estaria pronta, a resposta veio rápida e em sussurros de alerta: Não. 

Sinto muito por ter escondido as mãos quando você estendia as suas. Foi por não querer ser machucada que deixei o frio tomar conta de qualquer que seja o tipo de relação que havíamos construído. No entanto, doeu ver e sentir a distância se aproximando, doeu a ausência dos seus braços, doeu quando pouco a pouco você deixou de iluminar as manhãs, suas brincadeiras se tornaram cansativas e repetitivas por não receberem a resposta esperada. No fim enfrentar doze horas se tornou a minha tão temida bolha infernal. Estava presa ao que eu deveria deixar ir por não ter mais o que esperar. 

 Morri tantas noites e ressuscitei em tantas manhãs que perdi a conta. Essa ligação por ora é a prova de que através dos meus remorsos eu entendi que preciso seguir em frente convivendo com meus arrependimentos o que inclui a ressaca moral do dia seguinte. Acho que agora você entende, não entende? Preciso me despedir, mas não se preocupe, a quarta garrafa não será para afogar lágrimas ou tristeza é apenas para celebrar o alivio de ter libertado da garganta tudo o que você precisava e devia saber. Amanhã eu ressuscito mais uma vez. Ao que pude constatar com tudo isso é que quem acredita em vida após a morte também acredita em vida após o amor. O que se você pensar é quase sempre a mesma coisa.


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