Ele passa e minha mente inquieta o acompanha. Ele olha e meu coração sente que não haverá outra vez. As mãos dele se distanciam das minhas a cada dia, eu vejo, mas não sinto. Nada. As palavras não me oferecem uma terceira chance e as atitudes há muito deixaram de ser companhia em dias em que me perco no passado do que poderia ter sido e não foi. Eu apenas teria segurado forte.
Perder o que nos é importante. Eu pensei que não sentiria, não doeria. Mas ele sempre surge nos lugares mais improváveis apenas pra fazer com que eu entregue o resto de dignidade que ainda me resta. Então nego, me recuso a acreditar que é pra ele que peço proteção todas as noites. Sua frieza e indelicadeza parecem ser o suficientes pra me forçar a uma desistência inevitável, o que ainda me mantém presa são as lembranças das conversas, sorrisos e culpa, minha culpa. Eu o deixei ir. Ele me segura e não prende. Me orienta e me enlouquece. Me chama, mas não me ouve. Tem outros planos. É uma vida nova traçando o passado. Parece emocionante até. E eu assisto apenas pra não partir. Ele não quer me machucar. Mas quer fazer com que eu me arrependa.
Acredite. Não vejo culpa como arrependimento. Não há como enganar. É um sorriso lindo. Irônico e ensaiado. Seu olhar em uma dança de boa noite é apenas pra tocar a alma que por egoísmo ele tomou pra si. Jamais adiantou que eu segurasse suas mãos. Sua intenção nunca foi permanecer. Não o deixei ir. Ele quem não me fez ficar. Nunca saberei o que sinto de verdade e o que motivou a escrita desse texto. Odiar amá-lo ou amar odiá-lo.